terça-feira, 11 de abril de 2017

XXIII Encontro da Família Colling

Olá, familiares e amigos! O XXIII Encontro da Família Colling já tem data: será no dia 8 de outubro de 2017, no município de Maratá, Rio Grande do Sul. Sobre os Encontros, segue a lista de todos que foram realizados desde o primeiro, que ocorreu no município de Harmonia, há 31 anos:

I. Harmonia - 1986
II. Cerro Largo - 1987
III. Arroio do Meio - 1988
IV. Pareci Novo - 1989
V. Palotina - PR - 1990
VI. Scharlau, São Leopoldo - 1991
VII. Iporã do Oeste - SC - 1992
VIII. Mato Queimado - RS - 1993
IX. Lajeado - 1994
X. Alemanha - 1995
XI. Novo Hamburgo - 1996
XII. Montenegro - 1998
XIII. Ibiporã - PR - 1999
XIV. Alemanha - 2000
XV. Pareci Novo - 2003
XVI. Pareci Novo - 2004
XVII. Barreiras e Luis Eduardo Magalhães - BA - 2005
XVIII. Florianópolis - SC - 2007
XIX. Porto Alegre - 2009
XX. Harmonia - 2011
XXI. Arroio do Meio - 2013

XXII. Capela de Santana - 2015
XXIII. Maratá - 8.10.2017



Na medida em que mais detalhes sobre o evento forem divulgados, repassaremos as informações aqui. Saudações e até breve!

Download do livro 'A Família Colling no Brasil'

Olá, amigos! Estou disponibilizando o download do livro completo 'A Família Colling no Brasil', de autoria do Pe. Oscar Colling. A publicação tem como fim permitir que todos os membros da família Colling, principalmente aqueles que não tem acesso à versão física do livro, possam consultar a árvore genealógica da família e obter dados importantes sobre seus antepassados. Mesmo que incompleto, visto que já se vão 27 anos da publicação, o livro serve como ótimo ponto de partida na busca pela documentação dos ascendentes, parte essencial na busca pela cidadania luxemburguesa. Clique no link abaixo para baixar.



Peço, por gentileza, que comuniquem nos comentários desta publicação caso o link esteja quebrado ou se o download já não estiver disponível. Lembro, finalmente, que esta publicação não possui nenhuma outra intenção que não apenas garantir o acesso às informações contidas no livro, seja o relato histórico da família ou a árvore genealógica, a todos os descendentes de Gregório e Christina.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Ramo 11 - A família de José Schallenberger e Maria Colling

Para finalizar a história de todos os filhos de Gregório Colling e Christina Bremm, apresento aos leitores o relato sobre a 11ª e última filha do casal, Maria Colling, dando origem ao Ramo 11 da Família Colling no Brasil. Aproveitem!

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- JOSÉ SCHALLENBERGER E MARIA COLLING -

Maria é a undécima e última filha do casal Christina e Gregório. Casou com José Schallenberger, estabelecendo residência em Pareci Novo, na estrada que vai a Porto Pereira, em direção a Montenegro. José era agricultor, e possuía gleba regular de terra, que se estendia até o rio Caí. A casa era muito simples, mas aconchegante. Eram pobres. Todos trabalhavam na lavoura. A mãe Maria ficava em casa cuidando dos pequenos, e levando depois o almoço aos que trabalhavam na roça. A alfafa era um dos produtos que ajudaram a manter a renda familiar. Produziam tanto que o José resolveu comprar uma prensa para enfardá-la.

Ramo 11: descendentes de José Schallenberger e Maria Colling

Além de agricultor, José era músico, tocava pistão, e era mesmo o 'chefe da banda'! Muito cedo ficou doente do pulmão, o que o impediu de trabalhar. Mesmo assim, não deixou de supervisionar os trabalhos da lavoura, o que fazia a cavalo.

A propriedade, que ficava às margens do rio, frequentemente era invadida pelas águas. E a família não perdia a ocasião de recolher alguns produtos, especialmente abóboras que vinham rio abaixo. Uma paixão do seu José era a pescaria, arte que aprendeu desde pequeno. Assim conta um filho: "Duas vezes por semana íamos pescar. O pai no espinhel, e eu no remo do caíque. Chegávamos a pegar peixes grandes, de 5 a 6 kg. O que mais dava era dourado e piava. Nossa pescaria não era com rede ou tarrafa; era só na base do espinhel e da espera. Todos gostávamos de comer peixe.". E continua o relato do filho: "Eu trabalhava pesado no ato, cortando lenha, que vendíamos em talha, para o sustento da família.".

Dos 5 filhos que o casal teve, 4 ainda estão vivos, e recordam seus pais com gratidão e saudade. O filho Reinoldo pediu ao pai licença para entrar no Seminário, o que lhe foi negado, visto que os estudos eram muito caros e a família teria dificuldade em pagá-lo

Maria é lembrada como pessoa bondosa, calma, extremamente religiosa, excelente cantora, acima de tudo um verdade exemplo de mulher e de mãe. Era de estatura alta, magra. Quando perdeu o esposo, aumentou ainda mais a pobreza da família, pois a filha mais nova estava apenas com 9 anos. As terras se 'evaporaram' com as dívidas. A família lutava por sua sobrevivência, vendendo alfafa, laranjas e hortigranjeiros, especialmente o pepino. Mais tarde, o filho Adolfo, ao casar em 35, adquiriu as terras e cuidou de sua mãe e da irmã Marta. Nunca lhes faltou a confiança no Senhor.

Certo dia aparecem na sua casa os sobrinhos Alberto Theobald e Aloísio Ritter, convidando o primo Alberto a acompanhá-los para o juvenato dos irmãos jesuítas. Recém havia falecido o marido. Alberto perguntou a mãe, que não disse palavra, mas começou a chorar. Não queria que o filho, justamente o mais velho, saísse de casa nesta circunstância. Era ele o arrimo, que deveria ajudar no sustento da família: e o Alberto ficou!

José morreu muito cedo, de problema cardíaco, em 1921, com 41 anos de idade, justamente no dia do aniversário da esposa.

Maria veio a falecer de complicações intestinais, câncer e hepatite, aos 7 de maio de 50, antevéspera de seu aniversário, quando completaria 72 anos. Apesar de sofrer muito com sua enfermidade, nunca se queixou. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Pareci Novo. Infelizmente, não existe foto da família para ser publicada.

Foto do túmulo de José Schallenberger e Maria Colling - Cemitério Católico de Pareci Novo (Lamentavelmente, não existem fotos do casal)

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 52-53)

Ramo 10 - A família de Nicolau Colling e Catharina Stein

O penúltimo filho de Gregório e Christina chamava-se Nicolau, sendo este o filho que viveu junto aos pais na velhice destes. Segue a transcrição do ramo 10, conforme publica pelo Pe. Oscar Colling no livro A Família Colling no Brasil. Até mais!

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- NICOLAU COLLING E CATHARINA STEIN -

Nicolau nasceu aos 20 de julho de 1876, e faleceu aos 6 de maio de 1942, com 65 anos e 9 meses. Catharina, sua esposa, nasceu aos 29 de junho de 1879 e, vindo faleceu aos 26 de maio de 1960, atingindo a venerável idade de 80 anos e 10 meses convividos com seus entes queridos. O casal teve 15 filhos, dos quais 5 morreram ainda pequenos.

A família de Nicolau Colling: fila superior, a partir da esquerda: Amália, Susana, Jacob Norberto, José Wilibaldo, João Adalberto, Pedro Aloísio, Maria Elisabeth. Fila inferior: Maria Anita, mãe Catharina, Alberto Benjamim, pai Nicolau e Irena Catarina.

Nicolau é o penúltimo da família, mas o último a casar. Adquiriu a propriedade, casa e terras de seus pais em Pareci Novo, sendo o seu arrimo nos últimos anos de vida, até falecerem. Sua atividade profissional foi a de agricultor, como atividade principal, tendo exercido por alguns tempos também as profissões de ferreiro e carroceiro, em Pareci Novo.

Seus filhos ainda vivos assim o descrevem: era homem magro, alto, o mais alto de todos os seus irmãos, muito calmo, bondoso. Usava bigode, um tipo de bigode que, a meu ver, identificava os irmãos Colling, como se pode verificar pelas fotos publicadas neste opúsculo. Nas festas sociais e nos bailes, os irmãos Colling gostavam de cantar, e cantavam bem. Eram identificados pelo nome de seu pai, 'Die Gregors Buben', e não pelo sobrenome, como é praxe na colônia alemã.

Uma filha, em seu depoimento, qualifica o seu saudoso pai como 'cem por cento', pessoa muito boa e querida, socialmente bem relacionada, que gostava de cantar e conversar.

Durante sete anos trabalhou na ferraria de seu irmão Francisco Xavier, localizada na encruzilhada de acesso a Pareci Novo. Ainda hoje se conserva uma obra artesanal sua, a saber: um cabo de relho, feito com aros de chifre bovino. Por algum tempo exerceu também a profissão de carroceiro, época em que levantava às 4h da madrugada, alcançando por vezes a fazer três viagens de carreta de boi, desde Pareci Novo até Montenegro, levando lajes de pedra à cidade e ao porto, junto ao rio Caí, numa distância de no mínimo 12 km.

Certa ocasião, voltando a pé, de noite, levava sobre os ombros uma corrente, que fazia barulho. Foi então abordado por um caboclo, a cavalo, que o queria assaltar. Nicolau o enfrentou com coragem, dizendo: "Deixa-me em paz, eu preciso voltar para casa depressa, pois a mulher está doente!". O caboclo sentiu-se tocado por esta palavra, e não lhe fez mal, deixando-o prosseguir.

A família adquiriu um harmônio, que se tornou peça importante na casa. Nicolau não tocava, mas em compensação vários filhos aprenderam, como a Amália e o João. Todas as terças-feiras havia ensaio de canto no solar dos Colling. A família sabia cantar de cór três missas em latim. Até o trabalho funcionava melhor ao som do canto, como debulhar o milho, tratar os animais. Na fabricação do fumo em rolo, chegavam a fazer 4 rolos por dia, ao som do canto.

Catharina era mulher de porte robusto, operosa, mãe dedicada, muito trabalhadora, de temperamento mais enérgico, verdadeira mulher forte, na expressão das Escrituras. Teve a alegria de participar da posse de Dom Cláudio como bispo de Passo Fundo. Aos 75 anos ainda se dava ao labor da capina, em seu quintal.

A mudança para a Estação Barro: A filha mais velha, de nome Susana, caso com José Rambo, indo imediatamente de muda para Estação Barro, hoje denominada Gaurama. Quando Nicolau foi visitar a filha, gostou tanto da região, que já comprou um lote de terrra do sr. Willy Fehrmann. Voltando, vendeu sua propriedade em Pareci Novo, indo de muda com toda a família para a nova terra. Isto ocorreu em janeiro de 1925, via estrada de ferro, por Santa Maria, onde pernoitaram num hotel. A viagem, naquela época uma verdadeira aventura, durou dois dias. Uma peça indispensável que acompanhou a mudança: o harmônio, é claro!

Vida nova em Gaurama: A nova moradia ficava na Vila Jardim, Secção Susana, Linha 1. Era uma propriedade de 31 ha, casa de madeira, que aparece na foto da família, de 11 por 7m. Nicolau tinha então 50 anos. Dedicou-se de corpo e alma ao trabalho da agricultura com sua família. Como havia muita mata nativa na propriedade, resolveram cortar lenha para consumo de cozinha, que era comercializada na vila. As toras eram cortadas com serra manual, e uma vez preparada, a lenha era levada de carreta pelo filho João até à vila.

Foto da casa de Nicolau Colling em Gaurama. Fila superior, a partir da esquerda: Beno Hartmann, Aloísio Colling, Jacob Colling, José Albiero, Willi Colling, João Colling, vovó Catharina com Lucia no colo, filha da Susana, vovô Nicolau, João Valerius, Amália, Maria, Romilda (filha de João Colling), Susana e o filho Ervino no colo, Emílio Valdemar Valerius, Teobaldo Valerius, Pedro Wobeto. Fila inferior, crianças: Anita, Irena e Alberto Benjamim. Bem à esquerda, uma criança: Ermindo Hartmann.

O pároco de Estação Barro era Frei Pancrácio Schwartzhof, franciscano. Sucedeu-lhe Frei Silvério, e a este sucedeu o Pe. Fioravante Magrin, sacerdote diocesano, já que a paróquia havia sido devolvida aos padres diocesanos.

O quarto domingo do mês era o domingo dos 'alemães': depois da primeira missa do domingo, havia pregação em língua alemã. Todos os descendentes de alemães permaneciam na igreja, para ouvirem o padre. A família do sr. Nicolau, muito religiosa, rezava todas as noites o terço.

Episódio lamentado pelos filhos foi o roubo de uma corrente de relógio de bolso, larga, dourada, que o avô Gregório doara a seu filho Nicolau, e este a seu filho Alberto, de quem foi tirada por furto.

Em 1939, Nicolau e Catharina viajaram a Serro Azul, hoje Cerro Largo, para participarem da 'Katholikentag' (Congresso Católico), e visitarem ao mesmo tempo os irmãos de Nicolau que lá residiam, a saber: Elisabeth, casada com Miguel Theobald, e Henrique, casado com Bárbara Thomas. No ano seguinte, 1940, foram participar também do 'Katholikentag' de Três Arroios.

Ramo 10: descendentes de Nicolau Colling e Catharina Stein

Enfermidade e morte de Nicolau: Conforme depoimento dos filhos, Nicolau sofria de pleurisia. Em fins de abril de 1942, teve que baixar ao hospital de Erechim, onde lhe extraíram cerca de cinco litros de líquido da pleura. Permaneceu no hospital uns oito dias, e quem o tratou foi o Dr. Valério. Desenganado, voltou para casa. Na viagem de regresso, chegando à Estação Barro, pediu para ser levado à igreja, onde queria confessar, e preparar-se para morrer. Entretanto, seu estado de saúde era tal, era tanta a fraqueza, que não conseguiu mais sair do carro. Foi necessário atendê-lo ali mesmo, dentro do carro, onde recebeu os Santos Óleos e o Santo Viático. Chegados à casa, ordenou que o 'Pubi' fosse buscar uma garrafa de aguardente. A esposa retrucou: "Não, ele pode ir amanhã.". Ao que ele acrescentou: "Quem vai amanhã sou eu.". Realmente, assim aconteceu, falecendo a 6 de maio de 1942. Os funerais aconteceram dia 7, de manhã, com um cenário belíssimo, os campos brancos de geada. Quem celebrou a encomendação foi o Frei Pancrácio, amigo da família.

Sua esposa, D. Catharina, veio a falecer a 26 de maio de 1960, vitimada por hidropisia. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Gaurama, à espera da Ressureição.

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 48-51)

Ramo 9 - A família de Jacob Colling e Catharina Fink

Dando continuidade à história da família Colling no Brasil, segue o relato sobre o nono filho de Gregório, Jacob Colling. Abraço a todos!

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- JACOB COLLING E CATHARINA FINK -

Jacob, o 9º filho de Gregório e Christina, viu a luz do dia em São Salvador, como os demais irmãos. Constituiu família com Catharina Fink, indo morar na vila de Harmonia, frente ao velho salão Hilgert, onde se estabeleceu com sapataria. Esta propriedade foi depois adquirida por um sobrinho seu, de nome Miguel Colling, que lá se estabeleceu com ferraria, e hoje pertence à firma de Leo Has, que mantém loja de implementos agrícolas e eletrodomésticos.

Foto de Jacob Colling, nono filho de Gregório, com sua esposa Catharina Fink
 e os primeiros filhos: José Aloísio e Thereza

Jacob era pessoa de porte médio, magro, tipo muito alegre, brincalhão. Relato curioso de um sobrinho: "Certo dia eu estava de visita na casa do tio. À hora do almoço, eu me servi bem, carregando o prato, ao que o tio disse: 'Deixa um pouco para nós!'. Eu fiquei muito envergonhado! E a tia repreendeu seu marido pela brincadeira.

Lá por 1918, Jacob foi de muda para Arroio do Meio, estabelecendo-se em Forqueta Baixa, onde adquiriu uma propriedade de 25 ha. Alguns dos filhos nasceram ainda em Harmonia, e outros em Forqueta. Ali, além do trabalho de sapataria, variavam com o trabalho da lavoura. Alguns dos filhos o seguiram na profissão  de sapateiro, outros seguiram na agricultura.

Ramo 9: descendentes de Jacob Colling e Catharina Fink

Catharina era de estatura mediana, magra e retraída, entretanto muito dada ao trabalho. Dedicava muito carinho aos filhos. Não conseguia adaptar-se à nova moradia, sentia muitas saudades de sua terra natal, Harmonia, e seguidamente chorava de saudades, esquecendo até de comer. Esta dor nunca a deixou, manifestando sempre o desejo de voltar ao torrão natal.

Jacob era pessoa muito estimada, chegando a fazer parte da diretoria da comunidade religiosa de Forqueta Baixa.

Passou seus últimos dias no Hospital de Lajeado, vítima de um surto de gripe. Como era do tipo magro, e já tivera problema de pulmão, onde foi constatada uma mancha, veio a falecer aos 62 anos de idade, e 1938. Catharina chegou a completar 80 anos, falecendo em 1955. Os restos mortais jazem no cemitério católico de Arroio do Meio.

Participação do Falecimento de Jacob Colling

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 46-47)

Ramo 8 - A família de João Colling e Maria Hartmann

Olá, amigos! Hoje, apresentarei o trecho completo do livro A Família Colling no Brasil, de autoria do Pe. Oscar Colling, referente ao ramo 8, que corresponde aos descendentes de João Colling. Trata-se do maior e mais detalhado relato dentre todos os filhos de Gregório e Christina, provavelmente pelo fato de que o autor do livro é descedente deste ramo, o que pode ter facilitado o acesso às informações. Boa leitura a todos! 

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-JOÃO COLLING E MARIA HARTMANN-

João é o oitavo filho, nascido em 1873. Bem cedo aprendeu o ofício de ferreiro, na ferraria do sr. Felippe Leoff, na localidade de São Benedito, não muito longe da casa paterna. Casou aos 8 de outubro, na igreja matriz de Harmonia, com Maria Hartmann, vindo a estabelecer-se com ferraria na vila de Harmonia, praticamente à sombra da igreja.

Foto da família de João Colling, oitavo filho de Gregório, com sua esposa Maria Hartmann e os primeiros filhos: Júlio José, Lidvina e Miguel.

Era um homem muito bondoso, de estatura alta, era apelidado 'Der Grosse' (o alto), corpulento, gostava de um bom bigode, era músico, tocava instrumento de sopro, o 'baixo', fazendo parte de um conjunto musical, uma banda. Os ensaios da banda realizavam-se em sua casa. Era homem muito alegre, comunicativo, extrovertido, gostava de brincar com as crianças que se dirigiam à escola, e tinham que passar necessariamente pela frente de sua ferraria, por ser o caminho da escola. Ele corria atrás delas, agarrando-as, jogando-as para cima; às vezes colocava-as em cima da roda-tampa da furadeira, acionada manualmente. Algumas ficavam com medo e se defendiam puxando-lhe o longo bigode.

Sabia dosar sua severidade com bondade e a alegria que irradiavam de todo o seu ser. Excelente cantor, convidou o coral a fazer os ensaios de canto em sua casa.

A vovó Maria, natural do 'Steinbach' (Arroio das Pedras), era filha de João Hartmann e Bárbara Junges. Pessoa de estatura média normal, bondosa, excelente mãe de família. Temperamento calmo, pessoa de profunda fé. Muito cedo começou a sofrer de varizes, degenerando para ferida aberta na altura do tornozelo, mal que suportou por décadas, até sua morte, necessitando de curativos diários.

Na casa do vovô sempre se rezava à mesa, o que aliás era costume geral das famílias. Quem chegasse atrasado, era obrigado a rezar sozinho, às vezes até de joelhos.

Como foi dito acima, sua propriedade ficava pegada à da igreja. Assim, o pátio da família estava sempre à disposição do povo da localidade, especialmente os de longe, para deixarem alí suas montarias, ao virem para a missa e também para os bailes, já que os salões ficavam perto. Em dias de chuva e barro, os que vinham a pé do interior para a igreja, costumavam vir descalços, trazendo na sacola os chinelos ou sapatos. Então, era na casa dos Colling que lavavam os pés, para depois colocar o calçado. Ali também trocavam de roupa e se aprumavam para ir aos bailes. O vovô havia instalado água corrente que vinha de uma fonte, e passava por três a quatro tanques. O primeiro era o reservatório de água potável e de consumo da cozinha; o segundo, para se lavar, e também lavar roupa; um terceiro servia para lavar os pés, era um pouco menor e mais baixo. Havia também um quartinho com um tanque maior para se tomar banho.

Na época em que o vovô João casou, havia uma igreja antiga, pequena, destruída por um incêndio no início do século, o que motivou a comunidade a construir outra maior, de alvenaria, e que serviu até a década de 1950. Em 1954 foi inaugurada a atual igreja matriz, construída justamente sobre a propriedade do vovô, que foi vendida pela viúva e filhos à comunidade. A paróquia havia sido criada em 1887, entretando o primeiro pároco veio a tomar posse apenas na virada do século, e foi o Pe. José Langen, que ao sair de Harmonia abandonou o ministério sacerdotal. O seguinte pároco, Pe. Pedro Bremm (não se sabe se era parente da vovó Christina Bremm), hospedou-se na casa do sr. João até ajeitar a casa paroquial. Outros padres também fizeram regularmente suas refeições na casa do sr. João, quando por razões diversas não havia condições na casa paroquial.

Ramo 8: descendentes de João Colling e Maria Hartmann

Uma qualidade que vovô herdou de sua mãe foi o gosto por viagens; assim, ele participou de diversos congressos católicos, os chamados 'Katholikentag'. A ferraria era somente dele, não tinha sócio, mas sempre havia mais auxiliares trabalhando com ele. A princípio, quando os filhos eram pequenos, contratou parentes e outras pessoas. No final do século, lá estavam com ele: Jacob Theobald, seus sobrinho, e Domingos Lauermann. Certo dia, foram surpreendidos por um violento temporal. que chegou a destelhar a igreja que ainda estava em construção. As folhas de zinco, soltas pelo ar, levadas pelo vento, chegaram a decepar um coqueiro, e algumas foram encontradas no morro, perto do 'Beco dos Kunrath', a uma distância de mais de km. João tinha naquela ocasião apenas dois filhos pequenos, Julio e Lidvina, e não se achava na ferraria à hora do temporal; mas os dois, para se abrigarem, foram refugiar-se assustados debaixo da mesa de ferramentas da ferraria, tal foi a fúria do furacão. À medida que os filhos iam crescendo, começaram a participar dos trabalhos da família; em primeiro lugar, dos trabalhos da roça, pois o vovô possuía uma boa área de lavoura. Lá pelos 17 a 18 anos, os filhos homens iniciavam seu trabalho na ferraria, ao lado do pai. Dos 6 filhos homens, um entrou no seminário e se tornou sacerdote, depois bispo, e os demais seguiram o pai na profissão. As moças ajudavam na lida da casa e na lavoura. A educação era bastante rígida: as meninas não podiam sair muito cedo de casa. Conta uma neta da vovó Christina que apenas de já ter 11 anos, ainda não lhe foi permitido visitar a vovó, a não ser acompanhada dos pais.

Assim como o vovô gostava de viajar, e visitar os parentes, assim também gostava de receber visitas. Os domingos de tarde eram dedicados ao lazer, o jogo de carta (o citado 'Schafkopf'), entretendo-se com os filhos e visitantes. Um sobrinho relata que "certo dia fui de Pareci a Harmonia, a pé, aos Kerbs, na casa do tio João. Eu gostava de ir lá, porque recebiam bem, mas nos Kerb havia tanta gente que não dava para conversar com todos. A gente voltava faceiro para casa, porque tinha sido bem acolhido!".

Certo dia, João resolveu construir uma cisterna; era tempo de inverno, frio. Começou a cavocar, quando o chamaram à ferraria, para ajudar a apertar aros de rodas de carreta. Sua filha Maria, que havia extraído um dente, ofereceu-se para ir no lugar do pai, na ferraria, pensando em fazer um bem. Entretanto, mal sabia ela que complicação estava por arrumar, expondo-se ao calor do fogo. Devido à hemorragia do dente, custou a se recompor.

Da esquerda para a direita, na fila superior: Lidvina, Miguel, Júlio José, Cecília (Irmã Verona), Maria. Na fila da frente: José Albino, Vendelino, vovó Maria, Cláudio, vovô João e Aloísio. Antes do nascimento de Cláudio, a família teve mais uma filha, de nome Lúcia, que morreu com poucas horas de vida.

FATOS CURIOSOS
As beterrabas: Dos fregueses do vovô João, alguns eram convidados a almoçar à sua mesa, quando eram de longe e a encomenda não ficara pronta. Certo dia, aconteceu que D. Maria preparou um prato de beterrabas, mas ainda eram poucas, por ser o início da safra. O visitante, não conhecendo beterraba, perguntou o que era, meio desconfiado, de acordo com o princípio popular da colônia alemã: 'Was der Bauer nicht kenntdas 'frisster'er nicht!' (O quê o colono não conhece, também não come). Depois de lhe ter sido explicado, e havendo provado, tranquilamente virou todas as beterrabas para dentro de seu prato, quando nenhum dos outros comensais se havia servido! Os demais, especialmente as crianças, ficaram apenas a olhar... Semanas depois, veio o mesmo cidadão, na esperança de ser novamente convidado à mesa. Entretanto, os rapazes, filhos do sr. João, entre si combinaram revezar-se para almoçar, enquanto continuavam a trabalhar. Lá pelas duas da tarde, vendo que não era convidado, olhou para o tempo, pela janela e disse: "É, acho que está na hora de voltar para casa!"... E se foi.

Cavalos e galinhas: Já era costume do povo deixar os cavalos amarrados debaixo das laranjeiras do pátio quando vinham à missa ou aos bailes. Alguns destes senhores se mostravam corteses pedindo lixença, enquanto que outros simplesmente avançavam, fazendo-se donos, sem perguntar. Acontece que algumas laranjeiras pousavam galinhas, noutras não. Os que pediam licença, eram prevenidos do perigo de um possível bombardeio noturno. Assim, algumas árvores estavam apinhadas de montarias debaixo de suas copas, enquanto que outras, as habitadas pelos galináceos, estavam desocupadas, o que justamente agradava aos que chegavam sem pedir autorização. Não é preciso dizer o desfecho! Quanta reclamação inútil contra os projéteis lançados sobre as selas, especialmente sobre os selins de veludo fino das damas e senhoritas!

Ovos na alfafa: Um dos filhos do João, de nome Albino, era mais franzino, sempre meio adoentado. Recebia remédios, fortificantes, e certas porções melhores. Ora, isso intrigava os outros, que resolveram secretamente fazer um complô, para compensar a suposta desigualdade. E o jeito encontrado foi o seguinte: juntar ovos de galinha e escondê-los no sótão do paiol, onde havia alfafa. Depois de certos dias, tendo juntado uma regular quantidade, alguém levava os ovos num cesto pelos fundos do paiol, alcançando-os ao Aloísio que já estava a postos na estrada lateral, perto do paiol, para ir vendê-los na venda dos Friedrichs e comprar balas e outras guloseias, que então eram repartidas entre os pobres 'prejudicados'. Acontece que o Miguel não participava do complô, parece que não era da 'confiança' dos demais, que eram menores. Mas ele descobriu o ninho de ovos na alfafa e denunciou o plano às autoridades competentes, e tudo ficou frustrado.

Óculos sem lentes: O vovô já era falecido e a vovó Maria morava com seu filho padre na casa paroquial da igreja da Glória, em Porto Alegre. Certo dia, a filha Maria arranjou uma armação de óculos sem lentes, dizendo para a mãe que eram óculos muito bons. A vovó pediu para experimentá-los, e realmente 'enxergou' bem, confirmando que eram bons de verdade, não se dando conta que não havia lentes! Acontece que a partir de certa idade, lá pelos 70, a vovó não precisou mais de óculos para ler. Pode ser que já era o caso.

Vinho para a 1ª Missa: Quando em 1926, o filho Cláudio, foi para o seminário, em fins de fevereiro, a família do Sr. João estava justamente a engarrafar vinho que ele havia produzido. Maria separou 4 garrafas, dizendo ao Cláudio que iria separá-las, aguardando a sua primeira missa, para então tomar o vinho. Os anos passaram, as garrafas foram guardadas no porão da casa e esquecidas. Em vésperas da ordenação do jovem Cláudio, na reforma da casa, foi arrancado o assoalho, e... encontradas as garrafas. Os que trabalharam na reforma da casa foram: Jacob Both, Francisco Theobald e Julio Hartmann. O Jacob encontrou as garrafas, dando-as à Maria. O sr. Reinoldo Stoffel, vizinho e comerciante, provou o vinho e disse: "É um licor fino!". Realmente, quis a Providência que o vinho fosse servido na festa da Primeira Missa do Pe. Cláudio.

O estudo negado: Entre os filhos do vovô João, destacou-se a Maria por seu gosto pelo estudo, sua capacidade de ajuda aos colegas em sala de aula. O professor a convidava para ajudar aos mais fracos e menos dotados. Ela queria continuar seus estudos, sonhando em ser professora. Foi falar com seu pai, mas em vão. Seu professor intercedeu inutilmente. O pai alegou que o estudo era caro, que não podia dar estudo para os demais. Então a jovem Maria procurava alívio, escondendo-se no sótão do paiol, a chorar deitada sobre o monte de alfafa, do qual já falamos acima. Deus tinha em sua Providência reservado outra vocação para ela, a de servir seu irmão padre, depois bispo, missão em que se sentiu plenamente realizada. Em janeiro de 1991, (completou) 50 anos de serviço junto a ele!

O estudo do filho no seminário: Mal havia o filho Cláudio iniciado seus estudos no seminário em 1926, quando perde o pai, em fevereiro de 1928. Foi um abalo. A família era pobre. Um primo da viúva, de nome Albino Hartmann opinou que o jovem agora ficasse em casa, ajudando a mãe, desistindo de ser padre. Mas a viúva disse: "Não! Se ele quiser, ele vai, que eu não vou impedir!" Pôs-se então a rezar muito a S. José, para que aparecesse uma luz, uma ajuda. E o Senhor lhe mandou esta ajuda na pessoa de um benfeito de nome Dutra, quem doou o paramento para a primeira Missa foi uma benfeitora de nome Odórica.

Morte do Sr. João: Em princípios de fevereiro de 1928, João sentiu-se mal devido a uma úlcera do estômago. Decidiu ir a São Leopoldo, a procura de médico. Foi a cavalo até a cidade de São Sebastião do Caí, e de lá foi de ônibus (antigos ônibus de bancos inteiriços), hospedando-se em São Leopoldo no Hotel Schroeder. Certamente ainda não havia hospital. Ali permaneceu cerca de 14 dias em tratamento, vindo a falecer na tarde do dia 14 de fevereiro. Estiveram presentes ao desenlace: a esposa e os filhos Julio, Cecília, futura Ir. Verona, e Vendelino. Para os funerais, a Cecília já veio vestida de hábito, apesar de não ter feito ainda a profissão de religiosa. Logo após a morte do marido, Maria entregou o relógio de bolso dele, e o deu ao filho Vendelino. Este relógio fora adquirido pelo sr. João por 25 mil réis. Era prateado e dourado.


Participação do Falecimento de João Colling

Morte de D. Maria: Ela viveu ainda muitos anos, tendo a alegria de ver seu filho ordenado bispo. Passou os últimos anos junto à filha religiosa em S. Leopoldo, e quando esta foi transferida, recebeu acolhida na casa do filho Julio, em Pareci Novo, onde veio a falecer dia 23.10.55. Os restos mortais de ambos descansam no cemitério católico de Harmonia, à espera da Parusia!

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 39-45)

terça-feira, 4 de abril de 2017

Ramo 7 - A família de Francisco Xavier Colling e Catharina Carolina Klein

Olá amigos! Estamos de volta, agora com um breve relato sobre o sétimo ramo da família Colling, formado pelo casal Francisco Xavier Colling e Catharina Carolina Klein. Façam bom proveito!

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- FRANCISCO XAVIER COLLING E CATHARINA CAROLINA KLEIN -

Francisco Xavier é o 7º filho, nascido, como os demais, em São Salvador. Era homem alto, robusto, de temperamento calmo, quieto, de pouco conversa, mas extremamente religioso, caridoso, bom para com os pobres.
A famílis de Francisco Xavier Colling. Fila de trás, da esquerda: Otto, Edmundo, Jacó, Fridolino, Alberto, Maria, Teresa, Carolina Lídia. Fila da frente: Filipe, Francisco Xavier, Irene, Catharina, Erna Vitória (Ir. Rainéria).

Depois de casar, foi estabelecer-se em Pareci Novo, no triângulo de acesso à vila, onde se encontra uma belíssima figueira. Quanto se sabe, a moradia havia sido construída por seu pai Gregório. Era uma casa ampla, de alvenaria, modelo enxaimel. Durante sua vida, exerceu diversas profissões, iniciando com a de ferreiro, em que se destacou por sua habilidade; a seguir, abriu uma bodega, que ampliou para venda, armazém de secos e molhados, sem deixar sua ferraria. Trabalhou também em pedreiras, iniciando na de propriedade do sr. Mendel e depois na dos padres jesuítas, donde foram extraídas as pedras para a construção da atual igreja matriz de Pareci Novo. Devido à sua religiosidade, isto ocasionou motivo especial de trabalhar em pedreira.

Sua esposa, Catharina Carolina, também muito religiosa, era de estatura robusta, caráter enérgico, amiga de todos, verdadeira heroína do lar para poder gerar e criar nada menos do que os 14 filhos, dos quais dois morreram em tenra idade.

O 'Franz', como era popularmente chamado, pertenceu por longo tempo à diretoria da comunidade católica, onde era tesoureiro, fazendo a coleta das missas dominicais, celebrada na capela semi-pública, junto ao noviciado dos padres jesuítas. O Franz era muito religioso, de missa diária! Esta sua piedade vem confirmada por dois fatos a serem registrados como dignos de nota. Como não perdia a missa, mesmo com chuva, frio e intempéries, a família reclamava do cuidado que devia ter com sua saúde. Pois bem, um dia, voltando de viagem feita a Porto Alegre, onde fora fazer compras, mostrou uma compra especial: um guarda-chuva bem grande, e sapatos de pau, dizendo: "Agora vocês podem estar bem tranquilos, estou prevenido contra o mau tempo e nada me impede de participar da missa!".

Ramo 7: descendentes de Francisco Xavier Colling e Catharina Carolina Klein
O outro episódio é contado por sua filha religiosa. Quando estava em casa, antes de entrar para o convento, pediu ao pai que a acompanhasse na visita à sua irmã Lídia, casada com Jacó Schneider, residente em S. José do Maratá, município de Montenegro. Isto ocorreu por três vezes, mas com estas viagens perdeu sua missa diária, porque não havia oportunidade lá no interior. Pouco antes de morrer queixou-se de haver perdido estas 3 missas em sua vida, por culpa da filha!

Aos domingos, após cumprirem o dever da fé, gostavam de ir passear na casa do filho Alberto, residente no 'Beco dos Kunrath' em Harmonia, onde também morou por algum tempo seu mano José.

O Franz gostava de um jogo de carta, o famoso 'Schafkopf'; fazia-o por divertimento, mas nunca saiu de casa para jogar. Era com alguns amigos especiais que o fazia, entre os quais são lembrados especialmente os srs. Felippe Schmidt e Pedro Alflen, do 'Gazoseneck' (Beco da Gazosa).

Participação do Falecimento de Francisco Xavier Colling

A causa de sua morte foi uma gripe muito forte que o acometeu, ele que já sofria de asma e bronquite, e que o prostou por cama na entrada do outono de 1937, por um mês inteiro, falecendo em sua residência no dia 1º de maio, sábado do sacerdote, e festa do padroeiro da comunidade. Sua esposa o antecedeu 10 anos na morte, falecendo a 11 de março de 1927, de hidropisia. Os restos mortais de ambos aguardam a ressureição no cemitério católico de Pareci Novo - RS.

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 37-38)

Ramo 6 - A família de Henrique Colling e Bárbara Thomas

Boa tarde, familiares e amigos! Seguindo com a história dos filhos de Gregório e Christina Colling, apresento, nas palavras do Pe. Oscar Colling, o relato sobre a vida do sexto filho do casal, Henrique Colling e sua esposa Bárbara Thomas, cuja vida foi construída, na maior parte do tempo, em Cerro Largo - RS, onde encontram-se sepultados. Abraço a todos!

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- HENRIQUE COLLING E BÁRBARA THOMAS -

Henrique é o 6º filho, portanto, o do meio, visto que nasceram 5 antes e 5 depois. Casou com Bárbara Thomas, também natural de São Salvador, como ele. A mãe de Bárbara, da família Recktenwald, veio a falecer muito cedo. A segunda mãe, madrasta, era da família Christ, avó de Mons. Oto Erbers, da dioscese de Novo Hamburgo.

Bárbara Thomas e Henrique Colling

Dos filhos do casal, hoje ainda vivem duas filhas com seus esposos. Toda a descendência, até o presente, consta de: 11 filhos, 73 netos, cerca de 270 bisnetos e pouco mais de 100 trisnetos. Dos netos casaram 62; oito permaneceram solteiros leigos, duas são religiosas e um é sacerdote.

Henrique, ao casar, fixou residência em 'Badensertal' (Júlio de Castilhos), pertencente à paróquia de São Salvador. Era terreno acidentado, lugar difícil para a lavoura, cheio de peraus. Lá, para defender sua casa, possuía um cachorro grande e muito brabo, que um dia mordeu o menino Vicente Ritter, neto de sua irmã Catharina, que morava ao lado. Mas o fato não teve maiores consequências.

Filhas de Henrique Colling. Em pé, a partir da esquerda: Maria, Carolina, Rosa e Otília. Sentadas: Lydia e Cecília.

Henrique era de estatura mediana, robusto, pessoa calma, de pouca conversa, entretando, gênio bom, muito amigo, afável no círculo mais íntimo. A esposa Bárbara, por sua vez, era pessoa alta, magra, muito alegre e amiga de todos.

Em 1927, o casal decide ir de muda para a região das Colônias Novas, indo parar dois meses em Santo Cristo, para depois estabelecer-se definitivamente em Serro Azul, hoje Cerro Largo.

A família vivia a fé e os bons costumes, herdados de seus pais. Aos domingos, todos íam ao culto, ou devoção da comunidade, onde Henrique ajudava a cantar no coral. Em casa, após o jantar, seguidamente a família se reunia para entoar cantos religiosos e populares. Nunca faltava a oração à mesa.

Henrique era sempre o primeiro a levantar de manhã. Enquanto fazia o fogo e preparava o chimarrão, levantavam os demais. Ao nascer do sol eram tratados os animais e ordenhadas as vacas. Já deu pra perceber que a sua profissão era a de agricultor. Certa manhã, percebeu algo diferente no galpão e exclamou: "Na, na, was is den do los?" (Que é que houve aí?). A carroça, carregada de abóboras, estava em cima do telhado do galpão acavalada sobre a cumieira. Achou graça e deu uma boa risada. Foi brincadeira dos vizinhos, feita durante a noite. Era um sinal de boa amizade, confiança e espontaneidade dos mesmos, rapazes da vizinhança. Henrique tinha profunda amizade e bom relacionamento com as famílias Brand e Ritter, a família de seu cunhado. Este fato ocorreu ainda em Badensertal.

Ramo 6: descendentes de Henrique Colling e Bárbara Thomas

Por muito tempo, Henrique era assinante do 'Deutsches Volksblatt' e da revista 'St. Paulusblatt', bem como leitor do anuário 'Der Familienfreund'. Da família, somente ele votava nas eleições, e em política era conservador. Foi ele quem mais sentiu a partida de Badensertal para as Colônias Novas. Já a caminho, ainda perto de casa, as filhas cantavam: "Nun ade, du mein leib Heimatland" (Adeus, querido torrão natal). Pediu que se calassem, porque doía demais para ele. Os quatro filhos, mais a Maria e a Rosa, já tinham ido em definitivo, antes dos pais, para Cerro Largo. Agora íam as outras quatro filhas. A caçulinha, que no batismo recebera o nome da vovó Christina, morrera de sarampo aos dois anos.

Os principais produtos de sua lavoura eram o milho, o feijão, mandioca, batata e amendoim do qual se extraía o óleo para a iluminação da casa. Tinham criação de porcos, dos quais consumiam a carne e vendiam a banha. Do leite extraíam nata e manteiga, que era vendida. Havia também pequena produção de algodão, de cujos flocos a Bárbara confeccionava acolchoados (Wattdecken) bem como baixeiras (Schweissdecken), sob encomenda. Em Cerro Largo, continuou este serviço artesanal usando lã de ovelha. Henrique era ótimo trançador de balaios, feito de cipós e vime, para o uso caseiro. Dos seus filhos, alguns foram aprender outros ofícios, como sapateiro, ferreiro e alfaiate. Depoi de haverem mudado de residência para Cerro Largo, muito raramente vieram rever os amigos e parentes da Colônia Velha.

Desde muitos anos, enquanto lhe permitia a saúde, Henrique manteve o hábito da missa diária e era sócio devotado e ativo do Apostolado da Oração. Certo dia, podando uma árvore no pátio da residência, caiu da mesma, o que lhe ocasionou séria lesão interna no tórax. Foi parar na casa do filho Reinaldo, para estar mais perto do médico. Depois de permanecer acamado por 6 semanas, não  resistindo à gravidade do ferimento, veio a falecer, a 12 de outubro de 1939, com 69 anos. Bárbara veio a faltar dia 5 de janeiro de 1948, com 75 anos. Ambos esperam a ressureição no cemitério católico de Cerro Largo.

Participação de Falecimento de Henrique Colling
(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 34-36)

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Ramo 5 - A família de Pedro Colling e Francisca Maria Klein

Segue o relato a respeito do ramo 5, formado pelo filho de Gregório e Christina, Pedro Colling.

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- PEDRO COLLING E FRANCISCA MARIA KLEIN -

Pedro é o quinto filho do casal; era de estatura pequena, o menor de todos os irmãos, magro, sofria de asma; era social, gostava de visitar os irmãos e parentes. Pessoa de bom gênio, conforme depoimento de sua filha Maria Guilhermina, a única ainda viva, residente em Linha Bonita Alta, Salvador do Sul - RS. Pedro era carpinteiro, e sua esposa, doméstica. Casaram aos 22 de outubro de 1892, e tiveram 7 filhos. Francisca era de estatura alta, forte e robusta, muito bondosa. Todos os membros da família era bons cantores e gostavam de cantar.

A família de Pedro Colling. Em pé, da esquerda: Albino, Antônio, Inácio, Leopoldo, Pedro. Sentados: Maria, Francisca Maria, Pedro e Paulina.

O casal foi residir na várzea do Pareci, já pertencendo ao Matiel, onde adquiriu boa área de terra, que se estendia até o rio Caí. Enquanto o pai trabalhava na carpintaria, os filhos se dedicavam à agricultura. A moradia era muito velha, de alvenaria, estilo enxaimel, isto é: estrutura de madeira de lei, preenchida com tijolos ou pedras, rejuntadas de barro. A cozinha, como de costume em toda a colônia, era uma construção separada, ao lado da casa. Mais tarde conseguiram construir uma casa nova, pois a antiga estava em estado precário.

Para os ofícios religiosos, a família frequentava a igreja de Pareci Novo, pois ainda não existia capela católica no Matiel. Os vizinhos eram todos protestantes, e estes já tinham sua capela. A família do Pedro acompanhava a comunidade protestante no que concerne à celebração do tradicional 'kerb'. Esta celebração para os católicos consistia na comemoração do dia do padroeiro da comunidade, e para os protestantes o aniversário da igreja local. No caso, o 'kerb' era celebrado 14 dias antes do carnaval. Naquele tempo, Pareci Novo ainda não era sede de paróquia, fazendo parte da paróquia de Harmonia. Entretanto, como os jesuítas haviam construído seu noviciado no local, a capela do colégio funcionava como igreja semi-pública, oferecendo à comunidade religiosa todos os serviços religiosos com o devido atendimento espiritual. A referida capela não existe mais, foi demolida na década de 50. Em seu lugar, foi construída uma imponente igreja, hoje sede da paróquia, a partir de 1945. As obras da igreja iniciaram em 1934.

"Quando não íamos à missa nos domingos, por motivo de mau tempo, enchentes ou doença, rezávamos o terço em casa. Às vezes, nós crianças já nos deslocávamos aos sábados até Pareci Novo pousando na casa da vovó Christina, para irmos à missa, o que significava muita alegria e festa para nós, porque a vovó sabia acolher com amor."

As residências estavam sempre infestadas de mosquitos, devido à proximidade do rio Caí e dos banhados. Os pais já tinham mosquiteiros, mas as crianças não. Quem mais estranhava os pernilongos eram as visitas, especialmente nos 'kerb' que ocorriam sempre em tempo quente. Os insetos era denominamos 'Staatsmusikanten' (Os músicos do estado).

O tio Pedro gostava de receber visitas, que vinham sempre a cavalo, ou de carreta, os únicos meios de transporte. A visita mais apreciada por todos era a da vovó Christina, muito bondosa que sempre trazia algum presente, alguma surpresa, especialmente para a criançada.

A família possuía duas montarias: uma mula para o pai Pedro, e um cavalo manso para a mãe. O caminho mais frequentado era o que levava à missa dominical. Quando a mãe não podia acompanhar o pai à missa, era a filha Maria Guilhermina que tinha sua vez, fato que representava verdadeira festa para a filha, orgulhosa de poder cavalgar ao lado do pai.

Ramo 5: descendentes de Pedro Colling e Francisca Maria Klein

A festa do 'kerb' durava 3 dias, pois vinham os parentes de longe. O churrasco era pouco conhecido nesta época. O almoço consistia invariavelmente das seguintes iguarias (comida de panela): sopa, arroz, batatinha, massa feita em casa, bolos de carne moída (o chamado 'tatu') e carne de gado e porco assada no forno. As bebidas eram da mesma forma caseiras: vinho de uva que o pai Pedro fazia apenas para o gasto, e a tradicional gazosa (Spritzbier), feitaà base de gengibre (Ingwer, que no dialeto alemão se denominava com uma palavra que soava como 'Impfen'). O gengibre é uma espécie de planta de banhado. Esta gazosa era muito apreciada em toda a região colonial. O pão de cada dia era o milho, geralmente puro, e às vezes misturado com farinha de trigo. Para os 'kerb', a mãe fazia cucas, fornadas de cucas e pão de trigo, ou 'pão branco', pois era dia de festa. Cada convidado levava pelo menos uma cuca para a sua família, às vezes também um pão. Isto era um gesto muito bonito de amizade e de comunhão com os que não puderam vir ao 'kerb'.

O açúcar que se conhecia nesta época era o mascavo, de fabricação caseira, artesanal. Para obtê-lo, o tio Pedro fabricou em sua carpintaria uma espécie de meia barrica de madeira, com cerca de 60 cm de diâmetro e outros tantos de altura. A parte inferior da mesma tinha furos, tapados com tarugos. Enchia a barrica de melado mais grosso, encorpado, deixando descansar o líquido por algum tempo, alguns dias. Formava-se então na parte superior uma crosta grossa de açúcar. Removendo os tarugos, escorria o resto do melado não açucarado, e estava feito o açúcar. Não sei se este artifício era de uso geral, ou se foi invenção do Sr. Pedro.

A iluminação da casa era feita à base de um lampião muito primitivo, alimentado com óleo de amendoim. Note-se que para obter o óleo, o próprio colono plantava amendoim, que era levado ao moinho para extração do óleo. Na falta deste, usava-se banha de porco. Apenas mais tarde entrou em uso o lampião de querosene, o que representou um estágio mais avançado no processo. Algumas casas de comércio e salões de baile possuíam instalação de luz à base de carbureto.

Depois de casados todos os filhos, Pedro mudou-se para Dois Irmãos, onde veio a falecer exatamente no dia da ordenação episcopal de Dom Cláudio, a 29 de janeiro de 1950, com 80 anos e 7 meses. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Dois Irmãos - RS.

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 31-33)

domingo, 2 de abril de 2017

Côn. José Alberto Colling

Ainda sobre o ramo 4, encontrei um pouco sobre a vida do Côn. José Alberto Colling, filho do casal José Colling e Magdalena Kunrath.

Cônego José Alberto Colling

"Filho de José Colling e Madalena Kunrath Colling, nasceu a 11 de outubro de 1894 no distrito de Harmonia, município de Montenegro, Estado do Rio Grande do Sul, Sacerdote. Ordenado por D. João Becker, na Capela Provincial do Seminário de São Leopoldo-RS em 02.04.1918, iniciou sua vida sacerdotal como vigário cooperador da Paróquia do Menino Deus, na capital do Estado, Porto Alegre, a 04.02.1919. Pároco da igreja N.Sra. da Glória, também em Porto Alegre [1920]; de igreja de Santo Antônio, em Santo Antônio da Patrulha [1921] e da igreja do Bom Jesus de Taquara do Mundo Novo [04.06.1923 a 31.05.1928]. Coletor para as obras da Catedral de Porto Alegre, de 01.06.1928 a 21.03.1929. Assistente eclesiástico da União Popular [1929]. Diretor técnico do Centro da Boa Imprensa, Porto Alegre [1930]. Capelão do Asilo Providência. Secretário Auxiliar e Arquivista da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, de 15.01.1934 a 09.10.1937. Capelão do Ginásio Bom Conselho, Porto Alegre [1937-1946]. Professor do Colégio Nossa Senhora do Rosário e capelão do Asilo São Benedito [1947]. Arquivista da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, de 06.07.1948 até a data de seu falecimento, ocorrido em Porto Alegre a 06 de julho de 1966. Sepultado no cemitério particular do clero, junto à gruta de N.Sra. de Lourdes."

sábado, 1 de abril de 2017

Ramo 4 - A família de José Colling e Magdalena Kunrath

O próximo ramo que transcrevo é o de número 4, correspondente ao quarto filho de Gregório e Christina, José Colling. Este ramo, no entanto, não teve continuidade, visto que, dos dois filhos do casal, um seguiu a vida sacerdotal, e o mais jovem faleceu aos 9 meses. O primeiro filho, Cônego Alberto Colling, tornou-se arquivista da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, a quem muito se deve pela conservação de diversos documentos relacionados à família, principalmente aqueles datados do século 19.

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- JOSÉ COLLING E MAGDALENA KUNRATH -

O tio José foi o único dos filhos de Gregório que cheguei a conhecer pessoalmente. Conforme depoimento de diversos sobrinhos, foi o mais alegre e jovial de todos os seus irmãos. Era de estatura alta, possuía um bigode bem grande. Foi padrinho de primeira missa de seu sobrinho Pe. Cláudio Colling, (posteriormente) Arcebispo.

José Colling, Magdalena Kunrath e o filho Côn. Alberto

Casou com Magdalena Kunrath, cujos antepassados são naturais de Theley, Alemanha. O casal teve apenas dois filhos: o mais velho, chamado Alberto, que se ordenou sacerdote a 2 de abril de 1918, e José Vendelino, que faleceu a 5 de abril de 1911 com apenas 9 meses de idade. Assim, acabou a decendência desta família.

José residia primeiramente em Harmonia, no 'beco' dos Kunrath. Era pedreiro, construtor. Havia sido cogitado para mestre das obrass de construção da igreja matriz de Pareci Novo. Entretanto, alguém da família impediu que isto ocorresse, fato que o deixou muito magoado, sendo então a construção confiada a um construtor de nome Mallmann. Mora ele então no Pareci. Mais tarde, vendeu sua propriedade, indo morar com o filho padre, fazendo com a esposa as lides domésticas da casa paroquial, o que espiritualmente muito o gratificava. Não podendo mais atender ao serviço da casa paroquial, comprou uma pequena propriedade nos fundos da igreja de São Sebastião do Caí, onde viveu o resto de seus abençoados dias. Neste tempo, adotou uma filha, que foi o arrimo do casal em sua velhice.

Ramo 4: descendência de José Colling e Magdalena Kunrath

Seu filho, Côn. Alberto, serviu por longo período como arquivista na Cúria Metropolitana de Porto Alegre, e graças a ele é que se conservaram muitos dos dados sobre a família Colling que hoje nos são tão valiosos.

O velho tio José era muito benquisto por todos, devido ao seu espírito alegre, otimista e jovial. Lembro-o vindo seguidamente a Harmonia, para visitar os parentes. Gostava muito de crianças, uma das qualidades que herdou de sua mãe. Segundo o depoimento de uma sobrinha, ele foi "Ein lieber gute Mann" (Um homem querido e bom). "Ele nos acostumou mal, pois nunca vinha à Missa de domingo sem chegar lá em casa. Então abraçava e beijava a cada criança, trazendo sempre balas para todos. Até já revisávamos os seus bolsos à procura das balas. Era o mais querido dos tios. Ao chegar, oferecia o rosto com uma expressão bem amiga: 'Noch' ein Schmunzchen!' (Mais um carinho, ou beijo!).

O tio José morreu num sábado pela manhã, quase repentinamente, quando se preparava para ir à Missa e à Sagrada Comunhão, como era seu hábito diário.


Participação do falecimento de José Colling

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 29-30)

Ramo 3 - A família de Miguel Theobald e Elisabeth Colling

Dando continuidade à história dos descendentes de Gregório Colling e Christina Bremm, reproduzo na íntegra o relato sobre o ramo 3, originário da união entre Miguel Theobald e Elisabeth Colling, terceira filha do casal. Saudações!

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- MIGUEL THEOBALD E ELISABETH COLLING -

Elisabeth é a terceira filha da família de Gregório e Christina. Seu esposo Miguel Theobald é natural de Tholey, Alemanha. Imigrou para o Brasil, chegando a Montenegro, subindo o rio Caí, em maio de 1883, com 27 anos. Ao casar com Elisabeth, em 1885, foi estabelecer-se em Poço das Antas, como agricultor. Alí nasceram seus 12 filhos, a maioria registrada nos livros de batismo da paróquia de S. Salvador, enquanto outros estão registrados no livro da paróquia de Estrela. A paróquia de Poço das Antas foi criada apenas a 4 de janeiro de 1907. No livro 2º de batismos da paróquia de São Salvador, hoje Tupandi, consta que José e Jacob Theobald são filhos de Miguel Theobald, carpinteiro de carros, e de Elisabeth Colling.

Foto da família de Miguel Theobald. A partir da esquerda: Elisabeth, Alvina, Miguel, Felipe Jacob Strieder e a esposa deste, Cecília Theobald, com os filhos Reinoldo e Cláudio Silvestre.

Miguel era um homem pequeno, magro, cabelos brancos, com problema de visão; e Elisabeth era alta, não tanto como suas irmãs Catharina e Maria, era porém mais encorpada do que as mesmas. Vinham frequentemente visitar a família do irmão João na Harmonia, pois o filho Jacob trabalhava na ferraria do tio João. Este tinha uma criação de pacas, cuja carne era muito saborosa, e a Elisabeth tinha mão de mestra para preparar um assado de paca. Havia assim muita amizade entre as duas famílias. Jacob casou com uma jovem de Harmonia, de nome Catarina Luiza Hoffmann. Contam os tios um fato curioso ocorrido com ele: numa de suas viagens de Cerro Largo a Harmonia, quando já casado, hospedou-se num hotel, pois a viagem durava diversos dias. Como era tempo de verão, deixou a janela do quarto aberta, pendurou as calças na cabeceira da cama e adormeceu. Durante a noite, acordou com um barulho estranho: um ladrão havia entrado pela janela, pegou-lhe as calças e já estava para pular de volta, janela afora. Jacó, muito rápido, ainda alcançou pegar numa perna das calças. Cada um segurou firme, e as calças rasgaram ao meio, pela costura do fundilho, ficando cada um com uma perna. Felizmente, a que restou nas mãos de Jacob continha no seu bolso a carteira com o dinheiro.

Ramo 3: descendentes de Miguel Theobald e Elisabeth Colling

Esta família foi duramente provada pela morte trágica do segundo filho, de nome pedro, nascido a 02.03.1888, e falecido em Harmonia a 21 de maio de 1907. Ele viera de Poço das Antas, para visitar seu mano Jacob e o tio João. Veio participar das tradicionais festividades do 'kerb'. Sendo o padroeiro de Harmonia São João Nepomuceno, cuja festa litúrgica ocorre a 16 de maio, o 'kerb' sempre era celebrado no domingo mais próximo, seja anterior ou posterior. Naquele ano, o domingo mais próximo era 19.05. Pedro, jovem de 19 anos, foi ver de perto, e talvez até ajudar, nos apetrechos de tiros de morteiro. Uma explosão inesperada o atingiu, estraçalhando e amputando as duas pernas acima dos joelhos. Devido à forte hemorragia, dores violentas e falta quase total de recursos, veio a falecer às 19h do dia 21. Ele havia saído a cavalo, muito faceiro, da casa dos pais, em Poço das Antas. Tendo já cavalgado parte da estrada, voltou atrás dizendo que havia esquecido de dizer 'Adeus!' para os pais. Abanou faceiro para todos e se foi. Na hora do acidente, estavam junto a ele Luís Becker, que perdeu os dois braços, conservando-se, entrentanto, vivo, e seu mano Jacob, que milagrosamente nada sofreu, mas o malho que ele tinhas nas mãos vôou 500 metros longe, abaixo da igreja velha. Imediatamente chamaram o dr. Leibnitz, que apenas conseguiu salvar a vida do Luís. O ferimento de Pedro era demasiado grave, fatal. Pedro suportou tudo com muita coragem e fé, mas as dores fortíssimas o faziam delirar. Deram-lhe um crucifixo nas mãos, e ele exclamava: "Vejo o diabo! Ele vem! Vai-te! Vai embora!..."

Família de Miguel Theobald e Elisabeth Colling, com os filhos: da esquerda - José, Francisco, João Batista (no colo), Pedro e Jacob.

O tio João Colling e o Sr. João Hoffmann, futuro cunhado do Jacob, foram a cavalo a Poço das Antas, para avisar a família. Para amenizar o impacto da triste notícia, chamaram um vizinho, solicitando que os acompanhasse. Era noite. Quando o casal abriu a porta, a sra. Elisabeth, pressentindo a má notícia, logo falou: "Podem contar tudo, não precisam fazer rodeios. Aconteceu algo grave em Harmonia!". Elisabeth, nesta ocasião, estava grávida de 8 meses e meio, da filha Alvina, a futura Ir. Lucinda.

Participação de Falecimento de Miguel Theobald



Em fins de 1912, a família foi de mudança para Serro Azul, hoje Cerro Largo. Mas antes de partirem, fizeram uma visita de despedida ao irmão e cunhado João, ma Harmonia, a cuja família se sentiam fortemente vinculados por diversas vivências, alegres e trágicas.


Participação de Falecimento de Elisabeth Colling

Miguel era homem fiel à Igreja, interessado pelo bem público. Por diversas vezes ocupou na comunidade escolar e paroquial cargos de responsabilidade. Sofreu longos anos de um problemas de bexiga. Em 1928, foi operado, o que lhe trouxe algum alívio, mas veio a falecer deste mal, após duro sofrimento de 3 meses. Faleceu em 1929, com 73 anos. Elisabeth veio a falecer em 1936, com a idade de 70 anos. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Cerro Largo - RS.

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 27-28)

Ramo 2 - A família de João Emanuel Ritter e Catharina Colling

Olá, amigos! Hoje, darei início à transcrição da história dos 10 ramos originários dos filhos de Gregório e Christina. Vale a pena ressaltar que Gregório e Christina tiveram 11 filhos, porém a primeira filha, chamada Maria, nascida a 19.12.1863, faleceu ainda pequena (o livro não apresenta dados sobre a data de falecimento). Assim, a história dos ramos da família Colling tem seu início no ramo 2, cujo relato é o que segue.

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- JOÃO EMANUEL RITTER E CATHARINA COLLING - 

Catharina era a segunda filha de Gregório mas como sua irmã mais velha, chamada Maria, morreu pequena, foi esta, enfim, a mais velha e a primeira a constituir família. Casou no dia 14 de maio do ano de 1885, com João Emanuel Ritter, natural de Dois Irmãos. O que vai testemunhado aqui é o fruto de pesquisa feita em livros, entrevistas feitas com sobrinhos e netos do casal. A última filha sobrevivente do casal era a Anna Filomena, religiosa, com o nome de Irmã Amanda, que veio a falecer no convento das Irmãs Franciscanas em Santa Maria - RS, a 10 de dezembro de 1988.

A família de João Emanuel Ritter e Catharina Colling, Fila superior, a partir da esquerda: Nicolau, Christina, Jacob, Mª Catharina, Bárbara, pai João Emanuel, Aloísio, Anna Filomena (Ir. Amanda) e Francisco Xavier. (clique para ampliar)

Os Ritter moravam no Badensertal, Julio de Castilhos, pertencente à paróquia de São Salvador, hoje Tupandi. Eram os últimos moradores da _______. Seu vizinho, Henrique Colling, irmão de Catharina, já pertencia à comunidade da capela de Badensertal. Vive ainda hoje uma nora do casal Ritter, de nome Elfrida Bartzen Ritter, com 85 anos, viúva de Jacob Ritter, recolhida no asilo de idosos em Tupandi. Sabe-se que a família Ritter era muito religiosa, pois 3 filhos ingressaram na ordem jesuítica, servindo a igreja como irmãos, e uma filha ingressou na Congregação das Irmãs Fraciscanas da Penitência e Caridade Cristã, (...). Ela faleceu com a idade de 91 anos e meio.

O tio João foi padrinho da inauguração e bênção do novo sino da paróquia de São Salvador, e a primeira vez que o sino dobrou em toque fúnebre foi justamente para anunciar a morte do padrinho. A família trabalhava na agricultura; tinha também um alambique para produção comercial de aguardente. Fabricavam também vinho, mas apenas para o uso caseiro. Sua propriedade era de 24 ha, junto à casa, tendo mais uma no Morro da Manteiga, de 18 ha.

Sua casa existe ainda hoje, pertencente à família de Valentim Junges. Para ir à missa na matriz, era preciso caminhar uma hora a pé.

Diz um neto que o avô tinha grande círculo de amizades, relacionando-se bem com todos, o que é confirmado por uma sobrinha: "Os Ritter gostavam de fazer visitas, e o relacionamento com a família de João, irmão de Catharina, residentes em Harmonia, era muito cordial. Seguidamente vinham à nossa casa visitar-nos."

Quanto ao tipo humano, João Emanuel era de estatura baixa, menor que sua esposa, que na verdade não era muito alta. João usava barba; era homem sério, pelo direito. Ele era mais social do que ela. Catharina era introvertida, sem deixar de ser meiga, delicada, de boa paz. "Eu a recordo sentada em sua cadeira, rezando o terço." Era o que fazia na sua velhice, depois de ter perdido o esposo. Havia muita reza à mesa dos Ritter, as crianças até pegavam no sono. À hora das refeições, era proibido às crianças de falarem, o que aliás foi costume geral na colônia alemã daqueles tempos. Quando aparecia alguma visita, não podiam nem almoçar com os grandes, menos ainda sentar na roda do chimarrão ou da conversa. As crianças eram mandadas para fora brincar no pátio. As rezas continuavam após a janta, na sala, onde se rezava o terço diário e a ladainha de N. Sra. Se alguém pegasse no sono, estava sujeito a levar um tapinha, para acordar!...

O meio de transporte era o cavalo. Seu João tinha um cavalo bonito, zaino, e a Catharina viajava numa mula. Depois de falecer o marido, compraram-lhe um cavalo bem manso. Ela costuma ir religiosamente à missa 3 vezes por semana, dia sim, dia não. Acordava às 5h. da madrugada, e chamava um filho ou um neto para que a acompanhasse. Este hábito de ir à missa em dia de semana, Catharina conservou enquanto lhe permitiam as forças.

Ramo 2: descendentes de João Emanuel Ritter e Catharina Colling.

A educação dos filhos era bastante rígida, como em geral na colônia. As crianças frequentavam a aula pela manhã, e à tarde ainda acompanhavam os adultos no trabalho da roça, até escurecer, ficando as tarefas escolares para a noite, à luz do lampião. Aniversários não se costumava celebrar. Esta educação pode ter sido rígida, mas teve o seu valor, preparando gerações de cristãos e cidadãos de verdadeira têmpera, de caráter. Honra seja feita a estes heróis: pais e professores.

O dia do 'kerb' (celebração do Padroeiro) era festejado com muita alegria na casa dos Ritter, a 6 de janeiro. Vinha muita gente confraternizar. Era a ocasião de visitar os familiares e parentes. Chegavam a encher de três a quatro mesas de convidados.

O tio João faleceu cedo, com apenas 65 anos, em 1930. Devido à sua precária saúde, já não conseguiu mais participar da cerimônia de profissão religiosa de sua filha Anna Filomena, que receberia o nome de Irmã Amanda, em São Leopoldo. A tia Catharina chegou a completar quase 90 anos, falecendo em 1954. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Tupandi - RS.

Participação de Falecimento de João Emanuel Ritter

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 23-25)