Boa tarde, familiares e amigos! Seguindo com a história dos filhos de Gregório e Christina Colling, apresento, nas palavras do Pe. Oscar Colling, o relato sobre a vida do sexto filho do casal, Henrique Colling e sua esposa Bárbara Thomas, cuja vida foi construída, na maior parte do tempo, em Cerro Largo - RS, onde encontram-se sepultados. Abraço a todos!
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- HENRIQUE COLLING E BÁRBARA THOMAS -
Henrique é o 6º filho, portanto, o do meio, visto que nasceram 5 antes e 5 depois. Casou com Bárbara Thomas, também natural de São Salvador, como ele. A mãe de Bárbara, da família Recktenwald, veio a falecer muito cedo. A segunda mãe, madrasta, era da família Christ, avó de Mons. Oto Erbers, da dioscese de Novo Hamburgo.
Bárbara Thomas e Henrique Colling |
Dos filhos do casal, hoje ainda vivem duas filhas com seus esposos. Toda a descendência, até o presente, consta de: 11 filhos, 73 netos, cerca de 270 bisnetos e pouco mais de 100 trisnetos. Dos netos casaram 62; oito permaneceram solteiros leigos, duas são religiosas e um é sacerdote.
Henrique, ao casar, fixou residência em 'Badensertal' (Júlio de Castilhos), pertencente à paróquia de São Salvador. Era terreno acidentado, lugar difícil para a lavoura, cheio de peraus. Lá, para defender sua casa, possuía um cachorro grande e muito brabo, que um dia mordeu o menino Vicente Ritter, neto de sua irmã Catharina, que morava ao lado. Mas o fato não teve maiores consequências.
Filhas de Henrique Colling. Em pé, a partir da esquerda: Maria, Carolina, Rosa e Otília. Sentadas: Lydia e Cecília. |
Henrique era de estatura mediana, robusto, pessoa calma, de pouca conversa, entretando, gênio bom, muito amigo, afável no círculo mais íntimo. A esposa Bárbara, por sua vez, era pessoa alta, magra, muito alegre e amiga de todos.
Em 1927, o casal decide ir de muda para a região das Colônias Novas, indo parar dois meses em Santo Cristo, para depois estabelecer-se definitivamente em Serro Azul, hoje Cerro Largo.
A família vivia a fé e os bons costumes, herdados de seus pais. Aos domingos, todos íam ao culto, ou devoção da comunidade, onde Henrique ajudava a cantar no coral. Em casa, após o jantar, seguidamente a família se reunia para entoar cantos religiosos e populares. Nunca faltava a oração à mesa.
Henrique era sempre o primeiro a levantar de manhã. Enquanto fazia o fogo e preparava o chimarrão, levantavam os demais. Ao nascer do sol eram tratados os animais e ordenhadas as vacas. Já deu pra perceber que a sua profissão era a de agricultor. Certa manhã, percebeu algo diferente no galpão e exclamou: "Na, na, was is den do los?" (Que é que houve aí?). A carroça, carregada de abóboras, estava em cima do telhado do galpão acavalada sobre a cumieira. Achou graça e deu uma boa risada. Foi brincadeira dos vizinhos, feita durante a noite. Era um sinal de boa amizade, confiança e espontaneidade dos mesmos, rapazes da vizinhança. Henrique tinha profunda amizade e bom relacionamento com as famílias Brand e Ritter, a família de seu cunhado. Este fato ocorreu ainda em Badensertal.
Ramo 6: descendentes de Henrique Colling e Bárbara Thomas |
Por muito tempo, Henrique era assinante do 'Deutsches Volksblatt' e da revista 'St. Paulusblatt', bem como leitor do anuário 'Der Familienfreund'. Da família, somente ele votava nas eleições, e em política era conservador. Foi ele quem mais sentiu a partida de Badensertal para as Colônias Novas. Já a caminho, ainda perto de casa, as filhas cantavam: "Nun ade, du mein leib Heimatland" (Adeus, querido torrão natal). Pediu que se calassem, porque doía demais para ele. Os quatro filhos, mais a Maria e a Rosa, já tinham ido em definitivo, antes dos pais, para Cerro Largo. Agora íam as outras quatro filhas. A caçulinha, que no batismo recebera o nome da vovó Christina, morrera de sarampo aos dois anos.
Os principais produtos de sua lavoura eram o milho, o feijão, mandioca, batata e amendoim do qual se extraía o óleo para a iluminação da casa. Tinham criação de porcos, dos quais consumiam a carne e vendiam a banha. Do leite extraíam nata e manteiga, que era vendida. Havia também pequena produção de algodão, de cujos flocos a Bárbara confeccionava acolchoados (Wattdecken) bem como baixeiras (Schweissdecken), sob encomenda. Em Cerro Largo, continuou este serviço artesanal usando lã de ovelha. Henrique era ótimo trançador de balaios, feito de cipós e vime, para o uso caseiro. Dos seus filhos, alguns foram aprender outros ofícios, como sapateiro, ferreiro e alfaiate. Depoi de haverem mudado de residência para Cerro Largo, muito raramente vieram rever os amigos e parentes da Colônia Velha.
Desde muitos anos, enquanto lhe permitia a saúde, Henrique manteve o hábito da missa diária e era sócio devotado e ativo do Apostolado da Oração. Certo dia, podando uma árvore no pátio da residência, caiu da mesma, o que lhe ocasionou séria lesão interna no tórax. Foi parar na casa do filho Reinaldo, para estar mais perto do médico. Depois de permanecer acamado por 6 semanas, não resistindo à gravidade do ferimento, veio a falecer, a 12 de outubro de 1939, com 69 anos. Bárbara veio a faltar dia 5 de janeiro de 1948, com 75 anos. Ambos esperam a ressureição no cemitério católico de Cerro Largo.
Participação de Falecimento de Henrique Colling |
(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 34-36)
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