sábado, 1 de abril de 2017

Ramo 2 - A família de João Emanuel Ritter e Catharina Colling

Olá, amigos! Hoje, darei início à transcrição da história dos 10 ramos originários dos filhos de Gregório e Christina. Vale a pena ressaltar que Gregório e Christina tiveram 11 filhos, porém a primeira filha, chamada Maria, nascida a 19.12.1863, faleceu ainda pequena (o livro não apresenta dados sobre a data de falecimento). Assim, a história dos ramos da família Colling tem seu início no ramo 2, cujo relato é o que segue.

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- JOÃO EMANUEL RITTER E CATHARINA COLLING - 

Catharina era a segunda filha de Gregório mas como sua irmã mais velha, chamada Maria, morreu pequena, foi esta, enfim, a mais velha e a primeira a constituir família. Casou no dia 14 de maio do ano de 1885, com João Emanuel Ritter, natural de Dois Irmãos. O que vai testemunhado aqui é o fruto de pesquisa feita em livros, entrevistas feitas com sobrinhos e netos do casal. A última filha sobrevivente do casal era a Anna Filomena, religiosa, com o nome de Irmã Amanda, que veio a falecer no convento das Irmãs Franciscanas em Santa Maria - RS, a 10 de dezembro de 1988.

A família de João Emanuel Ritter e Catharina Colling, Fila superior, a partir da esquerda: Nicolau, Christina, Jacob, Mª Catharina, Bárbara, pai João Emanuel, Aloísio, Anna Filomena (Ir. Amanda) e Francisco Xavier. (clique para ampliar)

Os Ritter moravam no Badensertal, Julio de Castilhos, pertencente à paróquia de São Salvador, hoje Tupandi. Eram os últimos moradores da _______. Seu vizinho, Henrique Colling, irmão de Catharina, já pertencia à comunidade da capela de Badensertal. Vive ainda hoje uma nora do casal Ritter, de nome Elfrida Bartzen Ritter, com 85 anos, viúva de Jacob Ritter, recolhida no asilo de idosos em Tupandi. Sabe-se que a família Ritter era muito religiosa, pois 3 filhos ingressaram na ordem jesuítica, servindo a igreja como irmãos, e uma filha ingressou na Congregação das Irmãs Fraciscanas da Penitência e Caridade Cristã, (...). Ela faleceu com a idade de 91 anos e meio.

O tio João foi padrinho da inauguração e bênção do novo sino da paróquia de São Salvador, e a primeira vez que o sino dobrou em toque fúnebre foi justamente para anunciar a morte do padrinho. A família trabalhava na agricultura; tinha também um alambique para produção comercial de aguardente. Fabricavam também vinho, mas apenas para o uso caseiro. Sua propriedade era de 24 ha, junto à casa, tendo mais uma no Morro da Manteiga, de 18 ha.

Sua casa existe ainda hoje, pertencente à família de Valentim Junges. Para ir à missa na matriz, era preciso caminhar uma hora a pé.

Diz um neto que o avô tinha grande círculo de amizades, relacionando-se bem com todos, o que é confirmado por uma sobrinha: "Os Ritter gostavam de fazer visitas, e o relacionamento com a família de João, irmão de Catharina, residentes em Harmonia, era muito cordial. Seguidamente vinham à nossa casa visitar-nos."

Quanto ao tipo humano, João Emanuel era de estatura baixa, menor que sua esposa, que na verdade não era muito alta. João usava barba; era homem sério, pelo direito. Ele era mais social do que ela. Catharina era introvertida, sem deixar de ser meiga, delicada, de boa paz. "Eu a recordo sentada em sua cadeira, rezando o terço." Era o que fazia na sua velhice, depois de ter perdido o esposo. Havia muita reza à mesa dos Ritter, as crianças até pegavam no sono. À hora das refeições, era proibido às crianças de falarem, o que aliás foi costume geral na colônia alemã daqueles tempos. Quando aparecia alguma visita, não podiam nem almoçar com os grandes, menos ainda sentar na roda do chimarrão ou da conversa. As crianças eram mandadas para fora brincar no pátio. As rezas continuavam após a janta, na sala, onde se rezava o terço diário e a ladainha de N. Sra. Se alguém pegasse no sono, estava sujeito a levar um tapinha, para acordar!...

O meio de transporte era o cavalo. Seu João tinha um cavalo bonito, zaino, e a Catharina viajava numa mula. Depois de falecer o marido, compraram-lhe um cavalo bem manso. Ela costuma ir religiosamente à missa 3 vezes por semana, dia sim, dia não. Acordava às 5h. da madrugada, e chamava um filho ou um neto para que a acompanhasse. Este hábito de ir à missa em dia de semana, Catharina conservou enquanto lhe permitiam as forças.

Ramo 2: descendentes de João Emanuel Ritter e Catharina Colling.

A educação dos filhos era bastante rígida, como em geral na colônia. As crianças frequentavam a aula pela manhã, e à tarde ainda acompanhavam os adultos no trabalho da roça, até escurecer, ficando as tarefas escolares para a noite, à luz do lampião. Aniversários não se costumava celebrar. Esta educação pode ter sido rígida, mas teve o seu valor, preparando gerações de cristãos e cidadãos de verdadeira têmpera, de caráter. Honra seja feita a estes heróis: pais e professores.

O dia do 'kerb' (celebração do Padroeiro) era festejado com muita alegria na casa dos Ritter, a 6 de janeiro. Vinha muita gente confraternizar. Era a ocasião de visitar os familiares e parentes. Chegavam a encher de três a quatro mesas de convidados.

O tio João faleceu cedo, com apenas 65 anos, em 1930. Devido à sua precária saúde, já não conseguiu mais participar da cerimônia de profissão religiosa de sua filha Anna Filomena, que receberia o nome de Irmã Amanda, em São Leopoldo. A tia Catharina chegou a completar quase 90 anos, falecendo em 1954. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Tupandi - RS.

Participação de Falecimento de João Emanuel Ritter

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 23-25)

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