quinta-feira, 6 de abril de 2017

Ramo 10 - A família de Nicolau Colling e Catharina Stein

O penúltimo filho de Gregório e Christina chamava-se Nicolau, sendo este o filho que viveu junto aos pais na velhice destes. Segue a transcrição do ramo 10, conforme publica pelo Pe. Oscar Colling no livro A Família Colling no Brasil. Até mais!

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- NICOLAU COLLING E CATHARINA STEIN -

Nicolau nasceu aos 20 de julho de 1876, e faleceu aos 6 de maio de 1942, com 65 anos e 9 meses. Catharina, sua esposa, nasceu aos 29 de junho de 1879 e, vindo faleceu aos 26 de maio de 1960, atingindo a venerável idade de 80 anos e 10 meses convividos com seus entes queridos. O casal teve 15 filhos, dos quais 5 morreram ainda pequenos.

A família de Nicolau Colling: fila superior, a partir da esquerda: Amália, Susana, Jacob Norberto, José Wilibaldo, João Adalberto, Pedro Aloísio, Maria Elisabeth. Fila inferior: Maria Anita, mãe Catharina, Alberto Benjamim, pai Nicolau e Irena Catarina.

Nicolau é o penúltimo da família, mas o último a casar. Adquiriu a propriedade, casa e terras de seus pais em Pareci Novo, sendo o seu arrimo nos últimos anos de vida, até falecerem. Sua atividade profissional foi a de agricultor, como atividade principal, tendo exercido por alguns tempos também as profissões de ferreiro e carroceiro, em Pareci Novo.

Seus filhos ainda vivos assim o descrevem: era homem magro, alto, o mais alto de todos os seus irmãos, muito calmo, bondoso. Usava bigode, um tipo de bigode que, a meu ver, identificava os irmãos Colling, como se pode verificar pelas fotos publicadas neste opúsculo. Nas festas sociais e nos bailes, os irmãos Colling gostavam de cantar, e cantavam bem. Eram identificados pelo nome de seu pai, 'Die Gregors Buben', e não pelo sobrenome, como é praxe na colônia alemã.

Uma filha, em seu depoimento, qualifica o seu saudoso pai como 'cem por cento', pessoa muito boa e querida, socialmente bem relacionada, que gostava de cantar e conversar.

Durante sete anos trabalhou na ferraria de seu irmão Francisco Xavier, localizada na encruzilhada de acesso a Pareci Novo. Ainda hoje se conserva uma obra artesanal sua, a saber: um cabo de relho, feito com aros de chifre bovino. Por algum tempo exerceu também a profissão de carroceiro, época em que levantava às 4h da madrugada, alcançando por vezes a fazer três viagens de carreta de boi, desde Pareci Novo até Montenegro, levando lajes de pedra à cidade e ao porto, junto ao rio Caí, numa distância de no mínimo 12 km.

Certa ocasião, voltando a pé, de noite, levava sobre os ombros uma corrente, que fazia barulho. Foi então abordado por um caboclo, a cavalo, que o queria assaltar. Nicolau o enfrentou com coragem, dizendo: "Deixa-me em paz, eu preciso voltar para casa depressa, pois a mulher está doente!". O caboclo sentiu-se tocado por esta palavra, e não lhe fez mal, deixando-o prosseguir.

A família adquiriu um harmônio, que se tornou peça importante na casa. Nicolau não tocava, mas em compensação vários filhos aprenderam, como a Amália e o João. Todas as terças-feiras havia ensaio de canto no solar dos Colling. A família sabia cantar de cór três missas em latim. Até o trabalho funcionava melhor ao som do canto, como debulhar o milho, tratar os animais. Na fabricação do fumo em rolo, chegavam a fazer 4 rolos por dia, ao som do canto.

Catharina era mulher de porte robusto, operosa, mãe dedicada, muito trabalhadora, de temperamento mais enérgico, verdadeira mulher forte, na expressão das Escrituras. Teve a alegria de participar da posse de Dom Cláudio como bispo de Passo Fundo. Aos 75 anos ainda se dava ao labor da capina, em seu quintal.

A mudança para a Estação Barro: A filha mais velha, de nome Susana, caso com José Rambo, indo imediatamente de muda para Estação Barro, hoje denominada Gaurama. Quando Nicolau foi visitar a filha, gostou tanto da região, que já comprou um lote de terrra do sr. Willy Fehrmann. Voltando, vendeu sua propriedade em Pareci Novo, indo de muda com toda a família para a nova terra. Isto ocorreu em janeiro de 1925, via estrada de ferro, por Santa Maria, onde pernoitaram num hotel. A viagem, naquela época uma verdadeira aventura, durou dois dias. Uma peça indispensável que acompanhou a mudança: o harmônio, é claro!

Vida nova em Gaurama: A nova moradia ficava na Vila Jardim, Secção Susana, Linha 1. Era uma propriedade de 31 ha, casa de madeira, que aparece na foto da família, de 11 por 7m. Nicolau tinha então 50 anos. Dedicou-se de corpo e alma ao trabalho da agricultura com sua família. Como havia muita mata nativa na propriedade, resolveram cortar lenha para consumo de cozinha, que era comercializada na vila. As toras eram cortadas com serra manual, e uma vez preparada, a lenha era levada de carreta pelo filho João até à vila.

Foto da casa de Nicolau Colling em Gaurama. Fila superior, a partir da esquerda: Beno Hartmann, Aloísio Colling, Jacob Colling, José Albiero, Willi Colling, João Colling, vovó Catharina com Lucia no colo, filha da Susana, vovô Nicolau, João Valerius, Amália, Maria, Romilda (filha de João Colling), Susana e o filho Ervino no colo, Emílio Valdemar Valerius, Teobaldo Valerius, Pedro Wobeto. Fila inferior, crianças: Anita, Irena e Alberto Benjamim. Bem à esquerda, uma criança: Ermindo Hartmann.

O pároco de Estação Barro era Frei Pancrácio Schwartzhof, franciscano. Sucedeu-lhe Frei Silvério, e a este sucedeu o Pe. Fioravante Magrin, sacerdote diocesano, já que a paróquia havia sido devolvida aos padres diocesanos.

O quarto domingo do mês era o domingo dos 'alemães': depois da primeira missa do domingo, havia pregação em língua alemã. Todos os descendentes de alemães permaneciam na igreja, para ouvirem o padre. A família do sr. Nicolau, muito religiosa, rezava todas as noites o terço.

Episódio lamentado pelos filhos foi o roubo de uma corrente de relógio de bolso, larga, dourada, que o avô Gregório doara a seu filho Nicolau, e este a seu filho Alberto, de quem foi tirada por furto.

Em 1939, Nicolau e Catharina viajaram a Serro Azul, hoje Cerro Largo, para participarem da 'Katholikentag' (Congresso Católico), e visitarem ao mesmo tempo os irmãos de Nicolau que lá residiam, a saber: Elisabeth, casada com Miguel Theobald, e Henrique, casado com Bárbara Thomas. No ano seguinte, 1940, foram participar também do 'Katholikentag' de Três Arroios.

Ramo 10: descendentes de Nicolau Colling e Catharina Stein

Enfermidade e morte de Nicolau: Conforme depoimento dos filhos, Nicolau sofria de pleurisia. Em fins de abril de 1942, teve que baixar ao hospital de Erechim, onde lhe extraíram cerca de cinco litros de líquido da pleura. Permaneceu no hospital uns oito dias, e quem o tratou foi o Dr. Valério. Desenganado, voltou para casa. Na viagem de regresso, chegando à Estação Barro, pediu para ser levado à igreja, onde queria confessar, e preparar-se para morrer. Entretanto, seu estado de saúde era tal, era tanta a fraqueza, que não conseguiu mais sair do carro. Foi necessário atendê-lo ali mesmo, dentro do carro, onde recebeu os Santos Óleos e o Santo Viático. Chegados à casa, ordenou que o 'Pubi' fosse buscar uma garrafa de aguardente. A esposa retrucou: "Não, ele pode ir amanhã.". Ao que ele acrescentou: "Quem vai amanhã sou eu.". Realmente, assim aconteceu, falecendo a 6 de maio de 1942. Os funerais aconteceram dia 7, de manhã, com um cenário belíssimo, os campos brancos de geada. Quem celebrou a encomendação foi o Frei Pancrácio, amigo da família.

Sua esposa, D. Catharina, veio a falecer a 26 de maio de 1960, vitimada por hidropisia. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Gaurama, à espera da Ressureição.

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 48-51)

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