segunda-feira, 3 de abril de 2017

Ramo 5 - A família de Pedro Colling e Francisca Maria Klein

Segue o relato a respeito do ramo 5, formado pelo filho de Gregório e Christina, Pedro Colling.

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- PEDRO COLLING E FRANCISCA MARIA KLEIN -

Pedro é o quinto filho do casal; era de estatura pequena, o menor de todos os irmãos, magro, sofria de asma; era social, gostava de visitar os irmãos e parentes. Pessoa de bom gênio, conforme depoimento de sua filha Maria Guilhermina, a única ainda viva, residente em Linha Bonita Alta, Salvador do Sul - RS. Pedro era carpinteiro, e sua esposa, doméstica. Casaram aos 22 de outubro de 1892, e tiveram 7 filhos. Francisca era de estatura alta, forte e robusta, muito bondosa. Todos os membros da família era bons cantores e gostavam de cantar.

A família de Pedro Colling. Em pé, da esquerda: Albino, Antônio, Inácio, Leopoldo, Pedro. Sentados: Maria, Francisca Maria, Pedro e Paulina.

O casal foi residir na várzea do Pareci, já pertencendo ao Matiel, onde adquiriu boa área de terra, que se estendia até o rio Caí. Enquanto o pai trabalhava na carpintaria, os filhos se dedicavam à agricultura. A moradia era muito velha, de alvenaria, estilo enxaimel, isto é: estrutura de madeira de lei, preenchida com tijolos ou pedras, rejuntadas de barro. A cozinha, como de costume em toda a colônia, era uma construção separada, ao lado da casa. Mais tarde conseguiram construir uma casa nova, pois a antiga estava em estado precário.

Para os ofícios religiosos, a família frequentava a igreja de Pareci Novo, pois ainda não existia capela católica no Matiel. Os vizinhos eram todos protestantes, e estes já tinham sua capela. A família do Pedro acompanhava a comunidade protestante no que concerne à celebração do tradicional 'kerb'. Esta celebração para os católicos consistia na comemoração do dia do padroeiro da comunidade, e para os protestantes o aniversário da igreja local. No caso, o 'kerb' era celebrado 14 dias antes do carnaval. Naquele tempo, Pareci Novo ainda não era sede de paróquia, fazendo parte da paróquia de Harmonia. Entretanto, como os jesuítas haviam construído seu noviciado no local, a capela do colégio funcionava como igreja semi-pública, oferecendo à comunidade religiosa todos os serviços religiosos com o devido atendimento espiritual. A referida capela não existe mais, foi demolida na década de 50. Em seu lugar, foi construída uma imponente igreja, hoje sede da paróquia, a partir de 1945. As obras da igreja iniciaram em 1934.

"Quando não íamos à missa nos domingos, por motivo de mau tempo, enchentes ou doença, rezávamos o terço em casa. Às vezes, nós crianças já nos deslocávamos aos sábados até Pareci Novo pousando na casa da vovó Christina, para irmos à missa, o que significava muita alegria e festa para nós, porque a vovó sabia acolher com amor."

As residências estavam sempre infestadas de mosquitos, devido à proximidade do rio Caí e dos banhados. Os pais já tinham mosquiteiros, mas as crianças não. Quem mais estranhava os pernilongos eram as visitas, especialmente nos 'kerb' que ocorriam sempre em tempo quente. Os insetos era denominamos 'Staatsmusikanten' (Os músicos do estado).

O tio Pedro gostava de receber visitas, que vinham sempre a cavalo, ou de carreta, os únicos meios de transporte. A visita mais apreciada por todos era a da vovó Christina, muito bondosa que sempre trazia algum presente, alguma surpresa, especialmente para a criançada.

A família possuía duas montarias: uma mula para o pai Pedro, e um cavalo manso para a mãe. O caminho mais frequentado era o que levava à missa dominical. Quando a mãe não podia acompanhar o pai à missa, era a filha Maria Guilhermina que tinha sua vez, fato que representava verdadeira festa para a filha, orgulhosa de poder cavalgar ao lado do pai.

Ramo 5: descendentes de Pedro Colling e Francisca Maria Klein

A festa do 'kerb' durava 3 dias, pois vinham os parentes de longe. O churrasco era pouco conhecido nesta época. O almoço consistia invariavelmente das seguintes iguarias (comida de panela): sopa, arroz, batatinha, massa feita em casa, bolos de carne moída (o chamado 'tatu') e carne de gado e porco assada no forno. As bebidas eram da mesma forma caseiras: vinho de uva que o pai Pedro fazia apenas para o gasto, e a tradicional gazosa (Spritzbier), feitaà base de gengibre (Ingwer, que no dialeto alemão se denominava com uma palavra que soava como 'Impfen'). O gengibre é uma espécie de planta de banhado. Esta gazosa era muito apreciada em toda a região colonial. O pão de cada dia era o milho, geralmente puro, e às vezes misturado com farinha de trigo. Para os 'kerb', a mãe fazia cucas, fornadas de cucas e pão de trigo, ou 'pão branco', pois era dia de festa. Cada convidado levava pelo menos uma cuca para a sua família, às vezes também um pão. Isto era um gesto muito bonito de amizade e de comunhão com os que não puderam vir ao 'kerb'.

O açúcar que se conhecia nesta época era o mascavo, de fabricação caseira, artesanal. Para obtê-lo, o tio Pedro fabricou em sua carpintaria uma espécie de meia barrica de madeira, com cerca de 60 cm de diâmetro e outros tantos de altura. A parte inferior da mesma tinha furos, tapados com tarugos. Enchia a barrica de melado mais grosso, encorpado, deixando descansar o líquido por algum tempo, alguns dias. Formava-se então na parte superior uma crosta grossa de açúcar. Removendo os tarugos, escorria o resto do melado não açucarado, e estava feito o açúcar. Não sei se este artifício era de uso geral, ou se foi invenção do Sr. Pedro.

A iluminação da casa era feita à base de um lampião muito primitivo, alimentado com óleo de amendoim. Note-se que para obter o óleo, o próprio colono plantava amendoim, que era levado ao moinho para extração do óleo. Na falta deste, usava-se banha de porco. Apenas mais tarde entrou em uso o lampião de querosene, o que representou um estágio mais avançado no processo. Algumas casas de comércio e salões de baile possuíam instalação de luz à base de carbureto.

Depois de casados todos os filhos, Pedro mudou-se para Dois Irmãos, onde veio a falecer exatamente no dia da ordenação episcopal de Dom Cláudio, a 29 de janeiro de 1950, com 80 anos e 7 meses. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Dois Irmãos - RS.

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 31-33)

2 comentários:

  1. Olah, meu nome é Antonio Romeu Colling, filho de Germano Colling, neto de Antonio Aloysio Colling e bisneto de Pedro Colling.
    Alguém pode me informar onde será o encontro de 2018 da familia Colling,,,,,

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