sábado, 1 de abril de 2017

Ramo 3 - A família de Miguel Theobald e Elisabeth Colling

Dando continuidade à história dos descendentes de Gregório Colling e Christina Bremm, reproduzo na íntegra o relato sobre o ramo 3, originário da união entre Miguel Theobald e Elisabeth Colling, terceira filha do casal. Saudações!

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- MIGUEL THEOBALD E ELISABETH COLLING -

Elisabeth é a terceira filha da família de Gregório e Christina. Seu esposo Miguel Theobald é natural de Tholey, Alemanha. Imigrou para o Brasil, chegando a Montenegro, subindo o rio Caí, em maio de 1883, com 27 anos. Ao casar com Elisabeth, em 1885, foi estabelecer-se em Poço das Antas, como agricultor. Alí nasceram seus 12 filhos, a maioria registrada nos livros de batismo da paróquia de S. Salvador, enquanto outros estão registrados no livro da paróquia de Estrela. A paróquia de Poço das Antas foi criada apenas a 4 de janeiro de 1907. No livro 2º de batismos da paróquia de São Salvador, hoje Tupandi, consta que José e Jacob Theobald são filhos de Miguel Theobald, carpinteiro de carros, e de Elisabeth Colling.

Foto da família de Miguel Theobald. A partir da esquerda: Elisabeth, Alvina, Miguel, Felipe Jacob Strieder e a esposa deste, Cecília Theobald, com os filhos Reinoldo e Cláudio Silvestre.

Miguel era um homem pequeno, magro, cabelos brancos, com problema de visão; e Elisabeth era alta, não tanto como suas irmãs Catharina e Maria, era porém mais encorpada do que as mesmas. Vinham frequentemente visitar a família do irmão João na Harmonia, pois o filho Jacob trabalhava na ferraria do tio João. Este tinha uma criação de pacas, cuja carne era muito saborosa, e a Elisabeth tinha mão de mestra para preparar um assado de paca. Havia assim muita amizade entre as duas famílias. Jacob casou com uma jovem de Harmonia, de nome Catarina Luiza Hoffmann. Contam os tios um fato curioso ocorrido com ele: numa de suas viagens de Cerro Largo a Harmonia, quando já casado, hospedou-se num hotel, pois a viagem durava diversos dias. Como era tempo de verão, deixou a janela do quarto aberta, pendurou as calças na cabeceira da cama e adormeceu. Durante a noite, acordou com um barulho estranho: um ladrão havia entrado pela janela, pegou-lhe as calças e já estava para pular de volta, janela afora. Jacó, muito rápido, ainda alcançou pegar numa perna das calças. Cada um segurou firme, e as calças rasgaram ao meio, pela costura do fundilho, ficando cada um com uma perna. Felizmente, a que restou nas mãos de Jacob continha no seu bolso a carteira com o dinheiro.

Ramo 3: descendentes de Miguel Theobald e Elisabeth Colling

Esta família foi duramente provada pela morte trágica do segundo filho, de nome pedro, nascido a 02.03.1888, e falecido em Harmonia a 21 de maio de 1907. Ele viera de Poço das Antas, para visitar seu mano Jacob e o tio João. Veio participar das tradicionais festividades do 'kerb'. Sendo o padroeiro de Harmonia São João Nepomuceno, cuja festa litúrgica ocorre a 16 de maio, o 'kerb' sempre era celebrado no domingo mais próximo, seja anterior ou posterior. Naquele ano, o domingo mais próximo era 19.05. Pedro, jovem de 19 anos, foi ver de perto, e talvez até ajudar, nos apetrechos de tiros de morteiro. Uma explosão inesperada o atingiu, estraçalhando e amputando as duas pernas acima dos joelhos. Devido à forte hemorragia, dores violentas e falta quase total de recursos, veio a falecer às 19h do dia 21. Ele havia saído a cavalo, muito faceiro, da casa dos pais, em Poço das Antas. Tendo já cavalgado parte da estrada, voltou atrás dizendo que havia esquecido de dizer 'Adeus!' para os pais. Abanou faceiro para todos e se foi. Na hora do acidente, estavam junto a ele Luís Becker, que perdeu os dois braços, conservando-se, entrentanto, vivo, e seu mano Jacob, que milagrosamente nada sofreu, mas o malho que ele tinhas nas mãos vôou 500 metros longe, abaixo da igreja velha. Imediatamente chamaram o dr. Leibnitz, que apenas conseguiu salvar a vida do Luís. O ferimento de Pedro era demasiado grave, fatal. Pedro suportou tudo com muita coragem e fé, mas as dores fortíssimas o faziam delirar. Deram-lhe um crucifixo nas mãos, e ele exclamava: "Vejo o diabo! Ele vem! Vai-te! Vai embora!..."

Família de Miguel Theobald e Elisabeth Colling, com os filhos: da esquerda - José, Francisco, João Batista (no colo), Pedro e Jacob.

O tio João Colling e o Sr. João Hoffmann, futuro cunhado do Jacob, foram a cavalo a Poço das Antas, para avisar a família. Para amenizar o impacto da triste notícia, chamaram um vizinho, solicitando que os acompanhasse. Era noite. Quando o casal abriu a porta, a sra. Elisabeth, pressentindo a má notícia, logo falou: "Podem contar tudo, não precisam fazer rodeios. Aconteceu algo grave em Harmonia!". Elisabeth, nesta ocasião, estava grávida de 8 meses e meio, da filha Alvina, a futura Ir. Lucinda.

Participação de Falecimento de Miguel Theobald



Em fins de 1912, a família foi de mudança para Serro Azul, hoje Cerro Largo. Mas antes de partirem, fizeram uma visita de despedida ao irmão e cunhado João, ma Harmonia, a cuja família se sentiam fortemente vinculados por diversas vivências, alegres e trágicas.


Participação de Falecimento de Elisabeth Colling

Miguel era homem fiel à Igreja, interessado pelo bem público. Por diversas vezes ocupou na comunidade escolar e paroquial cargos de responsabilidade. Sofreu longos anos de um problemas de bexiga. Em 1928, foi operado, o que lhe trouxe algum alívio, mas veio a falecer deste mal, após duro sofrimento de 3 meses. Faleceu em 1929, com 73 anos. Elisabeth veio a falecer em 1936, com a idade de 70 anos. Os restos mortais do casal descansam no cemitério católico de Cerro Largo - RS.

(Colling, Oscar João. A Família Colling no Brasil, Viamão, 1990, p. 27-28)

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